quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Aos doentes – A graça



Responderam eles, e disseram-lhe: Tu és nascido todo em pecados, e nos ensinas a nós? E expulsaram-no. João 9:34


Fui confrontado com a frase: “Essa igreja é doente”. Discordei veementemente: “É uma com as outras! Temos defeitos, mas, também, muitas virtudes”.

E fui levado a pensar em tudo aquilo que já fizemos por outros e por nós. Era como se aquela frase fosse uma cusparada no prato que se come.

E depois disso, fui tentar viver. Se viver é escolher, e se escolher também é aprender, então, posso dizer que ainda vivo.

Mas, vivo, e sei que somente vivo porque aprendi, mesmo sabendo que esquecerei, até ser lembrado novamente que preciso viver. Porque viver também é reconhecer.

A minha igreja é doente. Espero, na verdade, que ela sinta-se assim. Porque o evangelho da salvação (que é a graça de Jesus) é somente para os que estão mais distantes da perfeição do caráter demonstrado por Cristo, mas que sabem disso.

Jesus mesmo disse que vinha pros doentes. Queres ser perfeito? Impossível. Enquanto isso, aceite a dura realidade: somos doentes. Precisamos conhecer isso.

Para quem está sendo preparado o banquete no céu?

Não se enganem. Não haverá duas festas. Uma pros puros e uma pros desonestos. Existe apenas uma celebração. E ela será somente para aqueles que aceitam sua condição de pecadores inveterados e que não conseguem cumprir totalmente de maneira fiel a parte que lhes corresponde.

Esse é o evangelho da graça. Morton Kelsey diz: “A igreja não é um museu para santos, mas hospital para pecadores”. Isso indica mais ou menos de que lado Jesus está. Ele apóia os feridos. As prostitutas. Os aidéticos. Os políticos corruptos. Você. Eu. Quem quiser aceitar esse dom, não será lançado fora.

E se a festa do céu será com estes ditos pecadores, o que diremos, da nossa igreja? Que devemos aceitar a todos, e muito mais a nossa condição: miseráveis pecadores.

A isso chamamos de viver pela graça. É admitir quem somos e experimentar a bondade de Deus.

Brennan Manning escreveu:

O evangelho da graça nulifica a nossa adulação aos televangelistas, superastros carismáticos e heróis da igreja local. Ele oblitera a teoria de duas classes de cidadania que opera em muitas igrejas (...). Pois a graça proclama a assombrosa verdade de que tudo é de presente. Tudo de bom é nosso não por direito, mas meramente pela liberalidade de um Deus gracioso. Embora haja muito que podemos ter feito por merecer — nosso diploma e nosso salário, nossa casa e nosso jardim, uma garrafa de boa cerveja e uma noite de sono caprichada — tudo é possível apenas porque nos foi dado tanto: a própria vida, olhos para ver e mãos para tocar, mente para formar idéias e coração para bater com amor. A nós foram-nos dados Deus em nossa alma e Cristo na nossa carne. Temos o poder de crer quando outros negam; de ter esperança quando outros desesperam; de amar quando outros ferem. Isso e muito mais é pura e simplesmente de presente; não é recompensa a nossa fidelidade, a nossa disposição generosa, a nossa vida heróica de oração. Até mesmo nossa fidelidade é um presente. "Se nos voltamos para Deus", disse Agostinho, "até mesmo isso é um presente de Deus". Minha consciência mais profunda a respeito de mim mesmo é de que sou profundamente amado por Jesus Cristo e não fiz nada para consegui-lo ou merecê-lo”.

Por isso, dia a após dia, precisamos ser lembrados por Deus de que existe muita diferença entre aquilo que somos e a graça de Deus em nossas vidas. Somos aceitos, independentemente de sermos maus, infiéis, idólatras, desumanos. Somos aceitos. Eis o mistério.

Em seu livro “O Evangelho Maltrapilho”, Brannan Mannig asseverou:

Há um mito florescente na igreja de hoje que tem causado dano incalculável — a noção de que, uma vez convertido, convertido por inteiro. Em outras palavras, uma vez que aceito Jesus Cristo como meu Senhor e Salvador, segue-se um futuro inevitável e livre de pecado. O discipulado será uma história imaculada de sucesso; a vida será uma espiral nunca interrompida de ascensão rumo à santidade. Diga isso ao pobre Pedro, que depois de professar por três vezes seu amor por Jesus na praia, e de receber a plenitude do Espírito no Pentecostes, tinha ainda inveja do sucesso apostólico de Paulo.

Com freqüência me perguntam; "Brennan, como é possível você ter se tornado um alcoólatra depois de ter sido salvo?" É possível porque eu me senti deprimido e amargurado pela solidão e pelo fracasso, porque me senti desencorajado, incerto, esmagado pela culpa e tirei meus olhos de Jesus. Porque meu encontro com Cristo não me transfigurou num anjo. Porque a justificação pela graça significa que meu relacionamento com Deus foi consertado, não que me tornei o equivalente a um paciente sedado em cima de uma mesa.

Assim, não devemos nos desesperar ao encontrarmos todos os tipos de pessoas em nossa igreja ou em nossa comunidade. Porque elas também se assustam com a nossa presença lá. Assim também será no céu, uma amostra do que era com Jesus na terra, aquele que comia com pecadores.

E certamente não veremos os fariseus, que se achavam muito bons pra merecer a presença de Jesus, como seres acima do bem e do mal. Que criaram um evangelho brutal e baseado em obras rotas. Que não aceitavam conselhos de pecadores (como no verso acima) e não admitiam pecados. O que diremos pois dos conselhos de Jesus? Que eles foram rejeitados por essa classe.

Para esses, não haverá céu, porque lá assistirão apenas “a multidão que queria ser fiel, que foi por vezes derrotada, maculada pela vida e vencida pelas provações, trajando as roupas ensangüentadas pelas tribulações da vida, mas, diante de tudo isso, permaneceu apegada à fé”.

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Experimentar é preciso



Disse-lhe Natanael: Pode vir alguma coisa boa de Nazaré? Disse-lhe Filipe: Vem, e vê. João 1:46.

Alguns de meus amigos descobriram um lugar dos sonhos pra muito marmanjo que gosta de comer muito e pra muita mulher esperta que gosta de sair com o namorado e ainda economizar um pouco.

É uma pracinha, a uns 7 km do local onde nos encontramos. Não é muito longe, mas, entre 200 e 400 metros desse nosso ponto de encontro existem pelo menos 30 opções para comer.

Qual o segredo? Preço. Onde se comeria um, come-se pelo menos três. E maior. O ambiente? Propício pra um bom bate-papo. E certamente nunca estará super lotado. Ao convidarmos novos amigos, eles duvidam, outros nem vão, mas, os que topam, certamente voltarão.

O interessante foi que o primeiro provou, levou alguns, e outros agora também convidam.

Fico a pensar que isso acontece sempre conosco. Duvidamos do simples. Duvidamos da procedência. Ouvimos histórias e evitamos o contato. Aceitamos depoimentos como verdades eternas. E rotulamos. A tudo e a todos.

Mas, o convite está lançado. Pode do comedor sair comida? Do forte sair doçura? Da desgraça a vitória? Da perplexidade a solução? Do comum o incomum? A resposta também foi lançada: “vem e vê!”.

O chamado de Jesus pra nós é: experimentem. Conheçam aquilo em que crêem. Experimentem de verdade. Experimente a Ele de verdade! Com gestos simples. Porque nem sempre as coisas que consideramos de pouco valor são tão pobres ou vazias quanto achamos. Às vezes, Jesus pode falar conosco nas coisas mais banais e corriqueiras, e por desprezarmos isso perdemos ótimas oportunidade de receber bênçãos e felicidade.

Pode ser um verso bíblico. Uma música. Um convite. Um e-mail. Uma conversa. Uma oração. A distância de uma escolha define nosso dia e quem sabe a eternidade. Não espere a semana de oração do século. O líder de jovem que vem a cada ano. O sermão que balança as paredes de sua igreja. Invista no comum. No simples. Até mesmo no desprezado.

Experimentem. Provem. Venham e recebam. O convite está lançado, pois é assim que o Mestre deseja falar conosco. É assim que o mestre deseja que façamos a todos os nossos semelhantes: vão e vejam. Não esperem, muito menos observem de longe. Rotulando. Acompanhando sem nunca experimentar. Conheçam mais do outro. Saibam a essência. Esse é o seu convite.

Se assim fizermos, Deus promete coisas incríveis pra nossa vida. Assim, vá e não serás decepcionado.


-- Princípio: É preciso experimentar a Deus de verdade, em todas as situações, até nas mais corriqueiras. Ir, ver e esperar. E depois sentir suas bênçãos.

-- Questão: Quais as coisas corriqueiras do meu dia-a-dia que poderiam me levar pra mais perto de Jesus?

--Sugestão: separe 15 minutos pra ler a bíblia. Ore pelo menos 6 vezes no dia. Conte um fato engraçado pra Jesus. Faça novas amizades. Procure um lugar que sirva comida boa e barata e avise para os amigos.


segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Diário de um perseguido



A partir de hoje, o tema do blog estará diferente.

Ele deixará de ser “Em busca das respostas” porque não preciso mais delas (e até acho que você também não). Não que tenha encontrado todas elas, porque ninguém desse mundo têm.

Simplesmente porque pra viver, e viver de verdade, não precisamos de respostas, mas de um caminho.

Nós precisamos de Cristo, o único que é O Caminho, A Verdade e A Vida. A porta. O Deus que me ama. O Deus dos exércitos. O Deus que não diz todos os porquês, mas, que orienta e está sempre do lado, dando-nos mais do que fórmulas, dando-nos seu amor, sua presença.

Assim, o tema a partir desse momento será “Diário de um perseguido pela Misericórdia”. Que você se sinta assim também.

sábado, 4 de setembro de 2010

Crescimento em Cristo



Toda a Ciência e habilidade do homem não são capazes de produzir vida no menor objeto da natureza. É unicamente mediante a vida que o próprio Deus comunicou, que a planta ou o animal vivem. Assim é unicamente mediante a vida de Deus, que se gera no coração dos homens a vida espiritual. A menos que o homem nasça "de novo" (João 3:3) [ou "do alto", como dizem outras versões], não pode ser participante da vida que Cristo veio trazer.

Como a flor se volve para o Sol, para que os seus brilhantes raios a ajudem a desenvolver a beleza e simetria, assim devemos nós volver-nos para o Sol da justiça, a fim de que a luz do Céu incida sobre nós e nosso caráter seja desenvolvido à semelhança de Cristo.

Jesus ensina isso mesmo quando diz: "Estai em Mim, e Eu, em vós; como a vara de si mesma não pode dar fruto, se não estiver na videira, assim também vós, se não estiverdes em Mim. ... Sem Mim nada podereis fazer." João 15:4 e 5. Sois justamente tão dependentes de Cristo, para viver uma vida santa, como a vara é dependente do tronco para crescer e dar fruto. Separados dEle não tendes vida. Não tendes poder algum para resistir à tentação ou crescer em graça e santidade. Permanecendo nEle, florescereis. Derivando dEle a vossa vida, não haveis de murchar nem ser estéreis. Sereis como árvore plantada junto a ribeiros de água.

Muitos têm a idéia de que devem fazer sozinhos parte do trabalho. Confiaram em Cristo para o perdão dos pecados, mas agora procuram por seus próprios esforços viver retamente. Mas qualquer esforço como este terá de fracassar. Diz Jesus: "Sem Mim nada podereis fazer." João 15:5. Nosso crescimento na graça, nossa felicidade, nossa utilidade - tudo depende de nossa união com Cristo. É pela comunhão com Ele, todo dia, toda hora - permanecendo nEle - que devemos crescer na graça. Ele é não somente o Autor mas também o Consumador de nossa fé. É Cristo primeiro, por último e sempre. Deve estar conosco, não só ao princípio e ao fim de nossa carreira, mas a cada passo do caminho. Diz Davi: "Tenho posto o Senhor continuamente diante de mim; por isso que Ele está à minha mão direita, nunca vacilarei." Sal. 16:8.

A vida em Cristo é uma vida de descanso. Pode não haver êxtase de sentimentos, mas deve existir uma constante, serena confiança. Vossa esperança não está em vós mesmos; está em Cristo. Vossa fraqueza se acha unida à Sua força, vossa ignorância à Sua sabedoria, vossa fragilidade ao Seu eterno poder. Não deveis, pois, olhar para vós mesmos, nem permitir que o pensamento demore no próprio eu, mas olhai para Cristo. Que o pensamento demore em Seu amor, na formosura e perfeição de Seu caráter. Cristo em Sua bnegação, Cristo em Sua humilhação, Cristo em Sua pureza e santidade, Cristo em Seu incomparável amor - este é o tema para a contemplação da alma. É amando-O, imitando-O, confiando inteiramente nEle, que haveis de ser transformados na Sua semelhança.

Quando o pensamento se concentra no próprio eu, é afastado de Cristo, a fonte de vigor e vida. Por isso é constante empenho de Satanás conservar a atenção desviada do Salvador, e evitar assim a união e comunhão da alma com Cristo. Os prazeres do mundo, os cuidados, perplexidades e pesares da vida, as faltas alheias, ou nossas próprias faltas e imperfeições - para uma destas coisas ou todas elas procurará ele distrair a atenção. Não vos deixeis desviar por seus artifícios. Muitos que são realmente conscienciosos, e que desejam viver para Deus, são por ele muitas vezes levados a demorar o pensamento em suas próprias faltas e fraquezas, e assim, afastando-os de Cristo, esperam alcançar a vitória. Não devemos fazer de nós mesmos o centro, nutrindo ansiedade e temor quanto à nossa salvação. Tudo isto desvia a alma da Fonte de nosso poder. Confiai a Deus a preservação de vossa alma, e nEle esperai. Falai e pensai em Jesus. Que o próprio eu se perca nEle. Ponde de parte a dúvida; despedi vossos temores. Dizei com o apóstolo Paulo: "Vivo, não mais eu, mas Cristo vive em mim; e a vida que agora vivo na carne, vivo-a na fé do Filho de Deus, o qual me amou e Se entregou a Si mesmo por mim." Gál. 2:20. Repousai em Deus. Ele é capaz de guardar aquilo que Lhe confiastes. Se vos abandonardes em Suas mãos, Ele vos tornará mais que vencedores por Aquele que vos amou.

Trecho retirado do livro Caminho a Cristo, de Ellen G. White.