
Porque a sabedoria deste mundo é loucura diante de Deus; pois está escrito: Ele apanha os sábios na sua própria astúcia. E outra vez: O Senhor conhece os pensamentos dos sábios, que são vãos. Portanto, ninguém se glorie nos homens; I Coríntios 3:19 a 21
Jesus era um ser no mínimo pitoresco. Diferente. Não tinha como plagiá-lo, imitá-lo e muito menos descobrir seu próximo passo.
Ele não era constante no seu agir humano. Sempre estava um passo a frente dos algozes doutos da lei, dos discípulos e dos observadores.
Sempre disse que deveríamos amar as pessoas, mas por duas vezes expulsou os cambistas sob chicotadas.
O Jesus que chamou uma estrangeira de cachorro e depois derramou sobre ela bênçãos sem medida.
Jesus conversava sozinho com mulheres e aceitava os louvores das crianças.
O Jesus que proferia sempre lindas parábolas tal como o encantador e indizível sermão da montanha, chamava às vezes algumas de pessoas de raposas, víboras, sepulcros caiados e cheios de carniça.
O mesmo Jesus que ratificou o casamento e a família como unidade indivisível, desprezou um chamado de sua mãe e irmãos.
Era o maior de todos, mas vivia rodeado da classe mais baixa e desprezada. Assim, o nosso Deus foi rejeitado pelos seus.
Não viam nele a segurança que tanto esperavam. Essa palavra, podia ser traduzida por tradição. Para aguardar a vinda do messias, eles se envolveram em regras e ritos, que em si, não eram maus, mas que de maneira bem lógica, levou o povo a uma grande apostasia espiritual.
Essas regras apontavam para si mesmas e não para o incrível amor da divindade.
E aqui mora o problema. Estamos nós agindo novamente como os legalistas?
O mundo mudou, e muitos ficaram presos aos seus ritos antigos. Mas, da mesma forma e com igual intensidade, muitos que andaram em suas concepções e têm pensado diferente, têm agido da mesma maneira dos legalistas.
As novas formas de se encontrar com Deus são vistas como regras e todos os que não assistem com elas dizem que “estão errados”. De certa forma, formou-se uma elite que costuma rotular tudo como encaixável ou não-encaixável.
E da mesma forma dos antigos fariseus e legalistas, estamos a diminuir o alcance da glória e multiforme sabedoria de Deus.
Em II Timóteo 2:4 está escrito que virá tempo em que não suportarão a sã doutrina; mas, tendo grande desejo de ouvir coisas agradáveis, ajuntarão para si mestres segundo os seus próprios desejos, e não só desviarão os ouvidos da verdade, mas se voltarão as fábulas.
Parece que está terminantemente proibido de ser diferente. Tudo tem que estar da maneira agradável encontrada nos ritos humanos. Molda-se um padrão, e o que foge disso, está errado. Certamente seria assim que pensaria os fariseus se aqui vivessem.
“Oh! como Cristo anelava abrir a Israel os preciosos tesouros da verdade! Mas tal era sua cegueira espiritual que se tornava impossível revelar-lhes as verdades concernentes ao Seu reino. Apegavam-se a seu credo e a suas cerimônias inúteis, quando a verdade do Céu aguardava ser por eles aceita. Gastavam o dinheiro em palha e cascas, quando tinham ao seu alcance o pão da vida. (...) Mas o espírito dos judeus se estreitara por seu irrazoável fanatismo. As lições de Cristo revelavam-lhes as deficiências de caráter, e requeriam arrependimento. Se eles Lhe aceitassem os ensinos, teriam de mudar de hábitos, e suas acariciadas esperanças deviam ser abandonadas”. Ellen White, O Desejado de Todas as Nações, capítulo O rejeitado.
Quantas vezes me peguei rotulando um certo pregador como ruim, simplesmente porque ele escolheu mudar uma seqüência que julgava correta e a muito tempo usada na minha igreja?
Ou simplesmente achei que um apelo de 30 minutos foi absurdo, mesmo sabendo que talvez tenha sido o tempo exato que Deus precisou pra convencer apenas uma pessoa naquele dia?
“A verdade era impopular nos dias de Cristo. É impopular em nossos dias. Tem-no sido sempre, desde que Satanás despertou no homem, no princípio, o desagrado por ela, mediante a apresentação de fábulas que induziram à exaltação própria. Não encontramos hoje teorias e doutrinas que não têm fundamento na Palavra de Deus? Os homens a elas se apegam tão tenazmente, como os judeus às suas tradições”. Ellen White, O Desejado de Todas as Nações, capítulo Não é Este o Filho do Carpinteiro?
Se Jesus vivesse hoje, seria diferente. Não porque era rebelde ou porque era desordeiro. Mas simplesmente porque fugiria dos parâmetros das nossas tradições. Ele conseguia ler os corações. Nós não. Ele sabia e sabe a melhor forma de agir. Então por que achamos que temos o melhor caminho a ser tomado?
Se aqui vivesse, Ele andaria com pessoas rotuladas como erradas e suspeitas, diria coisas duras quando achávamos que deveria dizer palavras afáveis, faria milagres e o rotularíamos de charlatão e mentiroso e por diversos outros fatores.
Enfim, hoje, Cristo deseja falar conosco. E Ele usa os mais diversos instrumentos. Muitas vezes, ficamos desconfortáveis com os vasos que Ele escolheu. E isso para nós é loucura. Exatamente como ele disse que seria a salvação para alguns.
Ellen White escreveu no livro O desejado de todas as nações, no capítulo denominado Tradição, o seguinte:
Sempre que a mensagem de verdade se apresenta às almas com especial poder, Satanás suscita seus instrumentos para disputarem sobre qualquer ponto de somenos importância. Procura assim desviar a atenção do verdadeiro assunto. Quando quer que se comece uma boa obra, há pessoas prontas a suscitar discussões sobre formas e detalhes de técnica, para desviar as mentes das realidades vivas. Quando parece que Deus está prestes a operar de maneira especial em benefício de Seu povo, não se empenhe este em disputas que só trarão ruína de almas. Os pontos que mais nos interessam, são: Creio eu com salvadora fé no Filho de Deus? Está minha vida em harmonia com a lei divina? "Aquele que crê no Filho tem a vida eterna; mas aquele que não crê no Filho não verá a vida." "E nisto sabemos que O conhecemos: se guardamos os Seus mandamentos." João 3:36; I João 2:3.
Que possamos buscar a Cristo de todo o nosso coração, de todas as formas lícitas possíveis que o nosso Deus nos deu. Que nunca tenhamos a presunção de tentar amoldar o modo de agir de Cristo e que sim, possamos buscar a verdade que somente a Ele é peculiar: um Cristo que morreu e ressuscitou para perdoar os nossos pecados, sendo nós ainda pecadores.
E que não venhamos a estar entre os pretensos sábios deste mundo, pois eles terão a sua sabedoria destruída e acabados serão os conhecimentos dos instruídos (Isaías 29:14).